As taxas dos DIs registraram uma significativa alta nesta quinta-feira, com acréscimo de mais de 20 pontos-base em diversos prazos. Essa elevação dos prêmios na curva a termo foi motivada pelas preocupações em relação à possibilidade de o governo de Lula não anunciar o contingenciamento de despesas necessário para cumprir a meta fiscal estabelecida para 2024. Paralelamente, o dólar apresentou ganhos firmes em relação ao real, enquanto o aumento dos rendimentos dos Treasuries no exterior exerceu influência no mercado brasileiro.
Ao final do dia, as taxas dos DIs para janeiro de 2025 estavam em 10,68%, para janeiro de 2026 em 11,405% e para janeiro de 2027 em 11,66%. Em prazos mais longos, as taxas ultrapassaram os 12%.
Os investidores aguardam o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que será divulgado pelo governo em 22 de julho, a fim de saber o montante a ser contingenciado no Orçamento visando atingir a meta fiscal estabelecida para 2024. Há expectativas de um contingenciamento significativo, porém incertezas persistem em relação aos cortes de despesas anunciados anteriormente.
A sensibilidade do mercado a qualquer informação sobre a política fiscal e a possibilidade de descumprimento das metas têm gerado tensões nos ativos. As declarações recentes de Lula contrárias à redução de gastos também têm impactado as taxas dos DIs.
Além disso, a expectativa de vitória de Donald Trump nas eleições americanas tem impulsionado os yields dos Treasuries, o que repercute no mercado brasileiro. No âmbito internacional, o rendimento do Treasury de dez anos atingiu 4,198%.
A curva a termo brasileira está precificando a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano até o final deste mês, com uma possibilidade remota de elevação de 25 pontos-base. O Ministério da Fazenda revisou suas projeções econômicas, mantendo o crescimento do PIB em 2,5% para 2024, porém reduzindo as expectativas para 2025. As projeções de inflação também foram revisadas para cima.