No primeiro trimestre deste ano, os pedidos de recuperação judicial por produtores rurais brasileiros que atuam como pessoa jurídica atingiram um recorde, totalizando 76 solicitações, de acordo com informações da Serasa Experian divulgadas pela Reuters. Esse número é mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior.
A situação é atribuída a diversos fatores, incluindo a quebra de safras de grãos no Brasil em 2023/24 e a queda nos preços das commodities, como a soja, que é a principal cultura do país. No entanto, a Serasa ressaltou que, em comparação com o total de produtores do país, esse número ainda é considerado pequeno.
A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) expressou preocupação com o aumento dos pedidos de recuperação judicial, sugerindo que o processo poderia estar sendo utilizado de forma indiscriminada e mal-intencionada para renegociar dívidas e contratos.
A maioria dos pedidos de recuperação judicial veio de produtores arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares ligados ao setor agrícola. Os segmentos mais afetados foram os de soja e pecuária bovina, com 45 e 15 solicitações, respectivamente. A região Centro-Oeste do Brasil foi a que mais concentrou os pedidos, especialmente liderada pelo estado do Mato Grosso.
A Serasa enfatizou a importância de avaliações específicas para o setor agropecuário e a identificação de perfis propensos à recuperação judicial, a fim de auxiliar os credores a mitigar riscos ao conceder crédito.