Domingo, Novembro 24, 2024
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Especialistas alertam para crescimento alarmante de cursos de pós-graduação em medicina, revela pesquisa

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB) apresentaram os resultados preliminares da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2025, que revelam dados alarmantes sobre os cursos de especialização em medicina no Brasil. Segundo o estudo, 41,2% dos cursos de especialização em medicina na modalidade Pós-Graduação Lato Sensu (PGLS) são ministrados completamente a distância, enquanto outros funcionam de forma semipresencial ou EAD.

Foram analisados 2.148 cursos de especialização em medicina oferecidos por 373 instituições, sendo constatado que os cursos ministrados exclusivamente a distância têm uma duração média mais curta (9,7 meses) quando comparados aos cursos presenciais (15,4 meses) e semipresenciais (13,9 meses). A maioria desses cursos EAD está presente em instituições privadas (90%) e na região Sudeste do Brasil (60%), com 32,8% deles concentrados em São Paulo.

O aumento na oferta desses cursos gera preocupações sobre a qualidade da formação dos estudantes, pois há o risco de os cursos oferecerem uma falsa ideia de especialização médica, o que pode causar confusão tanto entre os profissionais quanto na população.

No Brasil, o título de médico especialista é concedido apenas a quem completa a formação em Residência Médica (RM), credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) ou pelas sociedades de especialidades afiliadas à AMB. Em contrapartida, os cursos de PGLS exigem apenas o registro no Ministério da Educação em uma instituição de ensino superior cadastrada. Estima-se que em 2024 aproximadamente 200 mil médicos no Brasil não possuíam título de especialista.

Essa disparidade na formação pode impactar a qualidade do atendimento médico, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Os cursos de PGLS são predominantemente voltados para o setor privado e não estão alinhados com as necessidades do SUS. Há ainda preocupações com a proliferação de cursos em áreas mais lucrativas, como estética e emagrecimento, em detrimento de áreas essenciais, como saúde mental.

Os especialistas ressaltam a urgência de regulamentar e fiscalizar esses cursos para garantir a formação adequada dos médicos e a qualidade do serviço prestado à população. O presidente da AMB, Dr. Cesar Eduardo Fernandes, destaca a importância de um exame de proficiência para assegurar a competência dos profissionais de saúde e a segurança dos pacientes.

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