De acordo com informações da FOLHAPRESS, os leilões de títulos públicos realizados pelo Tesouro Nacional nesta terça-feira (15) refletiram as incertezas em relação aos juros nos EUA e ao cumprimento das metas fiscais e de inflação no Brasil. Os leilões registraram as maiores taxas do ano para os títulos indexados à inflação oferecidos, com destaque para as altas taxas dos papéis com vencimento em 2029 e 2060.
Apesar de ter vendido integralmente os lotes com prazos menores, o Tesouro Nacional enfrentou uma demanda menor pelo título com vencimento em 2060. Houve grande procura por papéis indexados à taxa básica (Selic), resultando em uma captação de recursos maior, porém com prazos menores de vencimento e taxas mais elevadas.
A curva de juros apresentou uma inversão, com as taxas de prazo mais curto ficando mais altas do que as de prazos mais longos, o que é considerado atípico. O Tesouro Nacional revisou seu Plano Anual de Financiamento da dívida pública federal no início de setembro, prevendo um aumento na proporção de títulos indexados à Selic e uma redução na participação dos prefixados e corrigidos pela inflação.
A instituição destacou que as incertezas em relação à política monetária nos EUA influenciaram o mercado, levando os investidores a buscar ativos de menor risco. Com a expectativa de novos cortes de juros nos EUA e de aumento na taxa básica no Brasil, o Tesouro tem ampliado a emissão de títulos indexados à Selic. Apesar das taxas mais elevadas, houve uma demanda mais fraca pelo título com vencimento em 2060, indicando uma preferência por prazos mais curtos devido ao risco.
Os especialistas apontam que a diferença entre as taxas dos títulos corrigidos pelo IPCA de prazos curtos e longos não justifica o risco de investir em títulos com vencimento distante. Com a expectativa de queda da inflação devido ao aumento da taxa básica, as expectativas são de que os prêmios diminuam, aliviando a ponta longa da curva de juros.
Em resumo, o cenário de incertezas em relação aos juros e às metas fiscais e de inflação tem impactado o mercado de títulos públicos, levando o Tesouro Nacional a ajustar suas estratégias de emissão para atender às demandas dos investidores.