Durante o 12º Fórum de Lisboa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, comentou que a atuação proeminente da mais alta instância do Judiciário em questões comportamentais e sociais, como a descriminalização do porte de maconha, é resultado da ausência de consenso no meio político. Ele enfatizou que o STF não busca deliberar sobre temas polêmicos, mas sim é provocado pelas partes envolvidas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão do STF em relação à maconha, argumentando que a Corte Suprema não deveria se envolver em assuntos considerados menos relevantes. Mendes também apontou que o Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual Lula pertence, era um dos mais frequentes no acionamento do STF em gestões passadas, indicando uma mudança nesse cenário.
A resolução dos juízes de descriminalizar a maconha recebeu críticas, com o ministro Luiz Fux destacando que temas desse tipo deveriam ser decididos pelo Legislativo e não pelo Judiciário. Por outro lado, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, defendeu a competência da Corte para debater esse tipo de assunto.
Após a decisão do STF, o presidente da Câmara, Arthur Lira, determinou a formação de uma comissão para analisar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca criminalizar o porte de qualquer tipo e quantidade de drogas, evidenciando a discordância em relação à deliberação do Supremo.
O debate sobre a atuação do STF e a judicialização da política continuou durante o Fórum de Lisboa, com a presença de diversas autoridades, incluindo a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.