O pedagogo e consultor Álvaro Doria, de 46 anos, teve uma surpresa ao descobrir que poderia ser considerado “milionário” ao se mudar com sua família para Indaiatuba, a cerca de 100 km de São Paulo, em 2021. Segundo ele, viver em Indaiatuba representa uma economia de pelo menos 30% em comparação com a vida na capital paulista, levando em consideração despesas como escola para seus dois filhos, moradia, alimentação e transporte.
A decisão de mudar para Indaiatuba foi tomada de forma aleatória, após pesquisarem no Google por “Cidades boas para se morar perto de São Paulo”. O casal, Álvaro e sua esposa Ingrid, buscava uma melhor qualidade de vida para si e seus filhos, de 13 e 10 anos, e a pandemia acabou acelerando esse processo de mudança.
Além disso, a venda da empresa onde Ingrid era diretora e sua posterior demissão contribuíram para fortalecer a ideia de viver de forma mais tranquila e com menores custos. Atualmente, ambos trabalham de forma autônoma, o que resultou em uma renda um pouco menor do que a que tinham em São Paulo, mas conseguiram manter seu padrão de vida ao se mudarem para o interior.
O movimento de famílias deixando São Paulo nos últimos anos é visível, com a população da capital paulista diminuindo gradativamente. Razões sociodemográficas, como a queda na taxa de natalidade e o aumento dos custos de vida na cidade, estão entre os motivos que levam as pessoas a buscarem outras regiões para viver.
A tendência de migração para cidades do entorno de São Paulo, como Campinas, é impulsionada pela busca por maior qualidade de vida e pela fuga dos altos custos da capital. No entanto, esse movimento também pode gerar inflação nas cidades próximas, devido à especulação imobiliária.
Outro casal, João e Rosa, professores de ioga, relataram que o aluguel em Atibaia, para onde se mudaram em 2020, aumentou devido à chegada de paulistanos à região. Apesar dos desafios financeiros, como a redução da renda, eles desfrutam de uma vida mais tranquila, com menor custo de vida e mais opções de lazer para seus filhos.
O declínio populacional de São Paulo, que já foi mais populosa do que países como Portugal e Grécia no passado, reflete mudanças na pirâmide etária, redução da taxa de natalidade e aumento da taxa de mortalidade. A tendência de saída da capital em busca de uma melhor qualidade de vida e custos mais baixos é uma realidade que muitas famílias enfrentam nos últimos anos.