A Polícia Federal concluiu em seu relatório final de investigação que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi apontado como líder de uma organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado e a abolição do estado democrático de direito. O relatório, com 884 páginas, foi encaminhado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, à Procuradoria-Geral da República. O inquérito envolveu ex-ministros, assessores, aliados e militares de alta patente, sendo que Bolsonaro e mais 36 investigados foram enquadrados.
Segundo o documento da PF, a organização criminosa ligada a Bolsonaro disseminou uma narrativa de fraude eleitoral desde 2019, com o objetivo de justificar possíveis ações após as eleições de 2022. Bolsonaro teria elaborado um decreto para uma ruptura institucional, incluindo a decretação do Estado de Defesa pelo TSE. Também foi revelado um suposto plano de assassinato envolvendo o então presidente eleito, Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre Moraes.
De acordo com as informações, aliados de Bolsonaro teriam planejado sua fuga caso o golpe não se concretizasse após as eleições de 2022. O esquema incluía estratégias militares e a ocupação de locais como os Palácios do Planalto e Alvorada. Sem o apoio das Forças Armadas para impedir a posse do governo eleito, Bolsonaro teria deixado o Brasil em 30 de dezembro de 2022. Mensagens recuperadas indicam que aliados continuaram mobilizados até janeiro de 2023, buscando apoio do Exército para o golpe.
O ex-presidente teria conhecimento e concordância na elaboração de uma carta golpista, assinada por oficiais do Exército, com o intuito de pressionar o Comando do Exército a aderir à ruptura institucional. A investigação também identificou diálogos entre militares sobre a adesão ao golpe, porém sem sucesso. Bolsonaro teria deixado o país para evitar possível prisão e acompanhar os desdobramentos do golpe à distância.