Brasil veta ditadura venezuelana como país parceiro do Brics em reunião na Rússia
O Brasil vetou informalmente a admissão da ditadura venezuelana como país parceiro do Brics, a nova categoria de associação que está sendo discutida na 16ª reunião do grupo, que começou nesta terça (22) em Kazan, na Rússia.
Caracas ficou de fora da lista de 12 países que serão convidados. Os países convidados são: Cuba e Bolívia, Indonésia e Malásia, Uzbequistão e Cazaquistão, Tailândia e Indonésia, Nigéria e Uganda, e Turquia e Belarus.
A relação, que está sendo organizada pela presidência russa do bloco, ainda não está finalizada e pode sofrer alterações durante a reunião dos chefes de Estado e de governo, na quarta-feira (23).
Uma sinalização de incerteza foi dada pelo assessor presidencial russo Iuri Uchakov, que mencionou que “agora, para ser sincero, são 13 [os parceiros]”.
A ausência da ditadura de Nicolás Maduro, que não compareceu a Kazan, é um tema controverso. Embora tenha uma relação próxima com a Rússia, o Brasil não endossa a admissão de Maduro.
Além disso, o Brasil não submeteu sugestões nominais para os parceiros, mas seu veto a Maduro era conhecido. Desde que ganhou eleições amplamente contestadas, Maduro entrou em rota de colisão com o Brasil.
Outras novidades na reunião incluem a readequação dos termos sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a inclusão de novos membros, como Egito e Etiópia, que têm pretensões próprias.
A China, que liderou a expansão do Brics no ano passado, parece ter percebido riscos associados à expansão do grupo e teme a insistência da Turquia em se tornar um membro permanente.
Em resumo, a composição atual do grupo gerou críticas no Ocidente de que o Brics está a serviço da agenda sino-russa, algo que é rejeitado pelos diplomatas brasileiros. A reunião também abordará temas como a guerra no Oriente Médio, com críticas a Israel, e a questão ambiental, onde a presença de novos membros como o Irã pode pesar.
Para o Brasil, o saldo da reunião é visto como moderadamente positivo, embora as grandes potências presentes possam mudar de ideia na reunião de quarta-feira. A ausência de Lula (PT) na reunião também é notada, sendo o único membro fundador do Brics ainda no cargo.