A defesa do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) solicitou nesta segunda-feira, 27, a transferência dele da Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para a Penitenciária Federal de Brasília, conhecida como Papuda. Brazão é apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e deseja mudar para a capital federal para acompanhar o processo que pode resultar na cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados.
O pedido foi encaminhado ao gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável por decretar a prisão do deputado em 24 de março. Brazão, juntamente com o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado de polícia Rivaldo Barbosa, foram detidos temporariamente sob a acusação de terem planejado o assassinato de Marielle, ocorrido em março de 2018 no Centro do Rio, junto com seu motorista, Anderson Gomes.
De acordo com a defesa de Brazão, a transferência para Brasília permitirá que ele participe das sessões do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em 15 de março, o colegiado iniciou um processo de cassação, e os representantes do parlamentar desejam que ele compareça ao Congresso para defender a manutenção de seu cargo.
Além da participação no Conselho de Ética, a defesa de Brazão argumentou que a mudança para Brasília também é importante para viabilizar a presença do deputado nos procedimentos que serão realizados no STF. Segundo os advogados do deputado, isso evitará “deslocamentos constantes” entre Campo Grande e a capital federal.
O avanço das investigações da Polícia Federal sobre o assassinato de Marielle revelou que Brazão teria direcionado verbas em troca de “vantagens indevidas”. As emendas parlamentares eram destinadas a uma ONG chamada Contato, que era cobrada por um assessor de Brazão para repassar os recursos a uma empresa da família do deputado.
A PF encontrou indícios que sustentam suspeitas sobre o enriquecimento da família Brazão, incluindo contratos que ligam os irmãos a diversas propriedades na zona oeste do Rio, área dominada por milícias. As transações imobiliárias são suspeitas de terem sido usadas para lavagem de dinheiro de atividades ilícitas.
Em delação premiada à PF, o ex-policial militar Ronnie Lessa, um dos executores do crime, afirmou que os irmãos Brazão prometeram um lucro de até R$ 100 milhões com a morte de Marielle. O assassinato renderia a ele um loteamento irregular na zona oeste do Rio e a exploração de atividades ilegais na região.
Fonte: Notícias ao Minuto