Diplomatas americanos se encontram com grupo rebelde sírio considerado terrorista pelos EUA
Nesta sexta-feira (20), diplomatas dos Estados Unidos se reuniram com representantes da HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla em árabe) na Síria. A HTS, classificada como terrorista pelos EUA, liderou a ofensiva que resultou na queda do regime de Bashar al-Assad há quase duas semanas.
O objetivo do encontro, segundo um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, foi discutir os princípios de transição endossados pelos EUA, eventos regionais e a luta contra o Estado Islâmico. Esses princípios incluem um processo inclusivo de governança e o respeito pelos direitos das minorias, acordados durante uma reunião em Aqaba, na Jordânia, após a queda de Assad.
A visita dos diplomatas representa uma mudança na abordagem dos EUA em relação à Síria, que anteriormente era marcada principalmente por intervenções militares. A gestão do presidente Joe Biden demonstrou cautela em relação ao nível de envolvimento com os novos líderes do país.
Além da reunião com a HTS, a delegação americana também se encontrou com membros da sociedade civil, ativistas e representantes de diferentes comunidades sírias para compreender suas visões sobre o futuro do país e discutir como os EUA podem apoiá-los.
A HTS, liderada por Ahmed al-Sharaa, que anteriormente se identificava como Abu Mohammed al-Jolani, afirmou que a reunião foi positiva. Apesar de conservador e seguindo os princípios do Islã político, o grupo rompeu com a al-Qaeda e o Estado Islâmico anos atrás.
Os Estados Unidos designaram a organização como terrorista principalmente devido ao uso de táticas como explosões de carros-bomba pelo grupo precursor da HTS, a Frente Nusra. No entanto, o ex-embaixador dos EUA na Síria, Robert Ford, sugeriu recentemente que a gestão Biden deveria considerar retirar a HTS da lista, citando a tolerância do grupo com os cristãos na província de Idlib.
Além disso, a delegação americana buscou obter novas informações sobre o jornalista americano Austin Tice, feito prisioneiro em 2012 durante uma viagem de reportagem à Síria, e outros cidadãos americanos desaparecidos sob o regime de Assad.