Disputa entre ministros do governo gera crise em Brasília
A tensão entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, atinge um novo patamar com a devolução da medida provisória que restringia o uso de créditos tributários do PIS/Cofins. Aliados dos dois ministros se acusam mutuamente pela crise, resultando na fragilização da imagem de Haddad e no presidente Lula manifestando apoio ao ministro da Fazenda.
Segundo interlocutores de Haddad, Costa é responsável por prejudicar a capacidade de negociação da equipe ao intermediar um encontro entre Lula e o presidente da CNI, Ricardo Alban, sem consultar Haddad. A falta de diálogo com o empresariado também é apontada como falha do ministro da Fazenda.
Por outro lado, aliados de Costa afirmam que a mediação do encontro entre Alban e Lula surgiu durante uma viagem oficial à Árabia Saudita e à China, onde o presidente e o presidente da CNI estavam presentes. A devolução da MP foi atribuída à falta de habilidade de Haddad em negociar com os setores envolvidos.
Apesar da devolução da medida, a indústria demonstra insatisfação com a falta de diálogo efetivo com o Ministério da Fazenda, acusando Haddad de privilegiar o mercado financeiro em detrimento dos empresários. Costa também é criticado por ter uma agenda própria para a Bahia e não cumprir o papel de coordenar o governo.
A troca de farpas entre os ministros tem gerado desconforto no governo, com aliados sugerindo a intervenção do presidente para amenizar a situação. Um possível armistício já foi tentado no passado, mas ressentimentos têm ressurgido em meio a decisões polêmicas, como a demissão do ex-presidente da Petrobras.
O clima de tensão no governo se intensifica diante da falta de diálogo com setores importantes, como a indústria, destacando a necessidade de uma coordenação política mais eficaz para evitar conflitos internos que possam fragilizar a gestão governamental.