Entre 1º e 5 de julho, em Teresina (PI), a ApexBrasil promoveu 152 reuniões de negócios entre 19 produtores nacionais do setor e oito compradores estrangeiros de seis países
O setor apícola brasileiro ganhou destaque em mais uma rodada do Exporta Mais Brasil, programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O resultado dos encontros movimentou mais de R$ 7,7 milhões para o setor. Com a parceria da Investe Piauí, agência de investimentos do Governo do Piauí, o evento contou com a participação de 19 empresas brasileiras do setor de mel e própolis e de representantes de oito empresas internacionais de seis países.
“Essa é a segunda vez que o setor é contemplado pelo Exporta Mais Brasil, indicando que a produção brasileira de mel e própolis segue estratégica para o posicionamento do país no comércio de exportação”, defende Laudemir André Müller, gerente de Agronegócio da ApexBrasil. “Essa rodada trouxe a possibilidade de explorar novos mercados, incluindo países que ainda não conheciam o potencial e a qualidade dos produtos gerados no Brasil”, complementa.
No total, foram realizadas 152 reuniões, que colocaram em diálogo vendedores de 13 estados brasileiros (Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo) e compradores da Tailândia, Bangladesh, Reino Unido, Polônia, Espanha e Emirados Árabes Unidos.
Thomas Heck, representante da empresa Sarant Lmdt, do Reino Unido, agradeceu a oportunidade de se conectar com empresários e adquirir produtos de excelente qualidade, como o mel brasileiro. “Já é a segunda vez que participo de negociações no Brasil. Os resultados são muito positivos. As vendas de nossos produtos aumentaram bastante devido à qualidade do mel produzido no Norte e Nordeste brasileiros”, afirmou.
Liderança feminina
Das 19 empresas brasileiras participantes, oito são comandadas por mulheres. “Esse foi um resultado muito importante. Temos estimulado que empresas lideradas por mulheres participem das nossas ações, incluindo critérios de pontuação extra no momento da inscrição nas rodadas”, explica Clarissa Furtado, gerente de Competitividade da ApexBrasil. “As mulheres já assumem papel fundamental na liderança de cooperativas e da agricultura familiar em todas as partes do país. É importante que elas estejam também nessa negociação com o mercado internacional”, acrescenta.
Os pequenos produtores ocupam uma posição de destaque na cadeia de mel e própolis brasileira. “Dos 10 mil produtores do setor, 82% são da agricultura familiar”, explica Clarissa, destacando ainda que o estado do Piauí é o principal exportador do Brasil, com 36% das exportações do segmento. “Muitos desses produtores são integrantes do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) da ApexBrasil e receberam o preparo necessário para avançar em parcerias internacionais”, ressalta.
“A ApexBrasil está sempre apoiando os pequenos produtores e a liderança feminina. Nessa última rodada, tivemos a oportunidade de prospectar novos clientes e fazer negócios”, afirma Janete Dias, gerente administrativa da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião (Comapi), do município de Simplício Mendes (PI), uma das participantes da rodada. Janete lembra ainda que “as mulheres estão muito presentes na apicultura, no processo de extração do mel e, cada vez mais, à frente tanto das famílias como dos negócios”.
Visitas técnicas
Além de se reunirem com as empresas, os representantes de importadoras, distribuidoras, atacadistas e marketing places estrangeiros conheceram espaços produtivos de mel e própolis nas cidades de Picos e Oeiras, a cerca de 300 km da capital Teresina. Um deles foi a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (CASA APIS), um empreendimento industrial solidário para produção, beneficiamento e comercialização do mel orgânico produzido por trabalhadores da agricultura familiar na região.
O grupo também visitou a Mel Wenzel, uma das empresas pioneiras da apicultura no Piauí e que desenvolve uma vasta linha de compostos do produto, como própolis, geleia real e pólen apícola. Os compradores conheceram ainda a sede do Grupo Sama, conjunto de empresas que se tornou uma das maiores exportadoras de mel do país.
“As visitas técnicas do Exporta Mais Brasil são uma grande oportunidade tanto para os compradores estrangeiros conhecerem de perto a produção local, como para os produtores mostrarem o diferencial dos seus produtos e da sua forma de produção”, reforça o gerente do Escritório Nordeste da ApexBrasil, Sérgio Ferreira.
Força do setor apícola brasileiro
No Brasil, a cadeia produtiva apícola se destaca como uma fonte alternativa sustentável de emprego e renda, especialmente para pequenos produtores: dados do IBGE apontam que 82% dos mais de 100 mil apicultores brasileiros produzem em contexto de agricultura familiar. A atividade pode ser desenvolvida em todas as regiões do país, devido à sua flora diversificada, à sua extensão territorial e à variabilidade climática, favorecendo a produção de mel o ano todo.
Além disso, o Brasil é grande produtor de mel orgânico, em razão de seu alto percentual de áreas preservadas. Atualmente, nenhum outro país tem o potencial de oferecer mel orgânico como o brasileiro. O Nordeste, em particular, é responsável pela grande maioria do produto orgânico que é produzido e exportado pelo país.
Ainda segundo o IBGE, mais de 90% dos estabelecimentos com apicultura no Nordeste brasileiro estão no Semiárido, mais especificamente na Bahia, Ceará e Piauí. Este último é o estado que mais exporta o produto: foi responsável por 36,6% das vendas estrangeiras em 2023, movimentando US$ 31,2 milhões. Em segundo lugar veio Minas Gerais, com US$ 13,3 milhões.
Segundo dados da Associação Brasileira de Exportadores de Mel (ABEMEL), somente até o mês de maio deste ano, o Brasil negociou US$ 35.065 milhões na exportação de mel. Em 2023, foram US$ 85.224.000 milhões. Entre os principais destinos do produto estão os Estados Unidos, a Alemanha e o Canadá.