De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação no Brasil registrou um aumento significativo para os consumidores de baixa renda, sendo impulsionada principalmente pelos custos dos alimentos e da energia elétrica. Para as famílias com renda mais baixa, a inflação acumulada em 12 meses subiu de 4,34% em setembro para 4,99% em outubro, atingindo o nível mais alto desde fevereiro de 2023. Em outubro, a inflação das famílias mais pobres superou a de outros grupos de renda analisados pelo Ipea, revelando uma disparidade em relação aos meses anteriores.
O aumento nos preços é atribuído principalmente ao encarecimento dos alimentos, que representam uma parcela significativa do orçamento das famílias de baixa renda. Condições climáticas adversas, como a seca intensa e as queimadas, prejudicaram as colheitas, elevando os preços de itens como carnes. Além disso, a pesquisadora Maria Andreia Lameiras destaca que alimentação, energia elétrica, gás de cozinha e transporte público são os principais fatores que influenciam a inflação dos mais pobres.
Por outro lado, as famílias com renda mais alta observaram uma desaceleração nos preços, influenciada pela redução do custo das passagens aéreas em outubro. A projeção é de que os alimentos continuem pressionando a inflação até o final do ano, enquanto a energia elétrica deve ter um alívio devido à melhora das chuvas. O dólar valorizado também pode impactar os preços dos alimentos importados.
Em síntese, a inflação deve continuar impactando todas as faixas de renda nos próximos meses, devido a fatores sazonais e ao aumento da demanda por produtos e serviços, impulsionados, em parte, pelo pagamento do 13º salário. A pesquisadora prevê que a inflação permanecerá elevada, especialmente para as famílias mais pobres, até o final do ano.