Na mais recente fase da investigação sobre um suposto golpe de Estado planejado durante o governo de Jair Bolsonaro, o general de brigada Mário Fernandes emergiu como figura central. Ele teria desempenhado um papel orientador para um grupo composto por membros do agronegócio, caminhoneiros e apoiadores de Bolsonaro acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. Mensagens de WhatsApp sugerem que Mário Fernandes fornecia direcionamentos aos golpistas, e a Polícia Federal conseguiu rastrear solicitações feitas pelos radicais ao general.
Na chamada Operação Contragolpe, que levou à prisão do general, a Polícia Federal está averiguando se as instruções de Fernandes também influenciaram os golpistas que tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília em dezembro de 2022. O relatório da PF menciona três pessoas que se comunicavam com Mário Fernandes, incluindo um policial federal e outros militares, que são suspeitos de estarem envolvidos em um plano para atentar contra o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Mário Fernandes é descrito como um dos militares mais extremistas dentro do governo Bolsonaro, com fortes indícios de envolvimento em ações antidemocráticas. Ele mantinha proximidade com Bolsonaro e interagia com civis e militares, expressando ideais golpistas. O general também era visto como o principal elo entre o governo Bolsonaro e os manifestantes acampados.
Entre os indivíduos que se comunicavam com Mário Fernandes estavam Rodrigo Yassuo Faria Ikezili, marido de uma manifestante radical presa, e Lucas Rotilli Durlo, um dos líderes do movimento dos caminhoneiros. Hélio Osório de Coelho, identificado como militar e ligado a uma comunidade evangélica, também estava em contato com o general.
Adicionalmente, Mário Fernandes trocou mensagens com Lucão, um dos líderes dos caminhoneiros, e com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O general demonstrou apoio aos manifestantes e tentou influenciar o presidente, mas ficou desapontado com a falta de decisão das Forças Armadas em relação ao golpe.
Em conversas com Hélio Osório de Coelho, que defendia ações extremas em apoio a Bolsonaro, Mário Fernandes demonstrou concordância e apoio às medidas radicais propostas. A Polícia Federal aponta que o general exercia influência sobre os manifestantes e fornecia suporte financeiro e material aos envolvidos nos atos antidemocráticos.
Esses detalhes foram trazidos à tona pela Operação Contragolpe, que destaca o envolvimento de Mário Fernandes e outros militares em ações que resultaram em tentativas de golpe e atos antidemocráticos no Brasil.