O termo “Guatá”, de origem na língua guarani, significa viajar ou se movimentar, sendo associado a andar ou caminhar devido às tradições dos indígenas brasileiros de realizar suas viagens a pé. Com o tempo, o significado da palavra se ampliou para incluir viagens de avião.
Recentemente, oito doutorandos indígenas brasileiros foram selecionados para participar de um intercâmbio na França, com duração de seis a dez meses, em universidades do país europeu. Dentre os participantes, há estudantes de diferentes etnias, como guarani, terena, pipipã, xokleng, tupinambá de Olivença e trumai.
Maristela Aquino, uma estudante guarani nhãndeva de 44 anos, é uma das participantes do intercâmbio e se destaca por sua trajetória de superação, vindo de aldeias guarani de Mato Grosso do Sul e enfrentando desafios para se formar em pedagogia e realizar um mestrado em antropologia, focado em agroecologia para combater a insegurança alimentar nas aldeias indígenas.
Já Idjahure Kadiwel, outro participante do programa, tem sua história ligada ao cinema indígena e pretende explorar o canto terena em sua tese de doutorado, relacionando-o com a tradição dos povos baniwa da Amazônia.
O intercâmbio, promovido pela Embaixada da França no Brasil, através do programa Guatá, proporciona uma experiência enriquecedora aos estudantes indígenas, permitindo que ampliem seus estudos, compartilhem experiências e vivenciem uma cultura diferente da sua. Os participantes têm liberdade de escolha em relação às disciplinas que desejam cursar, contam com supervisão de um professor durante sua estadia na França e recebem uma bolsa mensal.
A participação dos estudantes indígenas no programa Guatá é vista como uma oportunidade de valorização de diferentes saberes e culturas, contribuindo para uma maior diversidade e enriquecimento acadêmico. Além disso, a experiência de intercâmbio incentiva os alunos franceses a explorarem novos horizontes e valorizarem a importância da mobilidade internacional.