Na quinta-feira (4), a Polícia Federal iniciou a segunda fase da operação Venire, que investiga a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19 relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos contra agentes públicos de Duque de Caxias (RJ) suspeitos de inserir dados falsos no sistema do Programa Nacional de Imunizações. Além disso, a PF busca identificar novos possíveis beneficiários.
Entre os alvos desta fase estão Washington Reis, secretário estadual de Transportes e ex-prefeito de Duque de Caxias, e Célia Serrano, secretária de Saúde do município. As diligências foram autorizadas pelo STF a pedido da PGR.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou aprofundamento nas investigações envolvendo Bolsonaro em abril. Em março, a PF indiciou o ex-presidente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas neste caso.
Bolsonaro foi alvo da primeira fase da operação Venire. As investigações avançaram com a delação premiada de Cid, que afirmou que a fraude nos certificados de vacinação de Bolsonaro e sua filha foi feita a pedido do ex-presidente. Todos os envolvidos foram indiciados por suspeita de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa.
Essa investigação está ligada ao inquérito das milícias digitais em sigilo no STF. Gonet mencionou a necessidade de esclarecer se os investigados usaram os certificados falsos ao entrar nos EUA. Bolsonaro negou ter ordenado a falsificação, embora tenha admitido não ter sido vacinado.
A defesa de Bolsonaro criticou o vazamento da investigação e o indiciamento, alegando que o relatório da PF foi precipitado. O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques ao sistema eleitoral e está inelegível até 2030. Em caso de condenação por tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro poderá enfrentar até 23 anos de prisão e ser inelegível por mais de 30 anos.
As próximas etapas incluem a conclusão da investigação pela PF, análise da PGR e decisão do STF sobre se Bolsonaro será réu. A prisão, se condenado, ocorrerá após essa etapa, caso não haja justificativa para uma prisão preventiva até lá.