Na quinta-feira, 27 de janeiro, a Polícia Federal declarou como foragidos Miguel Gutierrez, ex-CEO das Lojas Americanas, e Anna Christina Ramos Saicali, ex-diretora da rede varejista, ambos alvos de mandados de prisão preventiva na Operação Disclosure. A corporação incluiu os nomes dos ex-executivos na lista de Difusão Vermelha da Interpol, destinada aos mais procurados pela polícia internacional, uma vez que Gutierrez e Christina estão fora do país.
Os ex-executivos são investigados por suposta participação em fraudes contábeis que totalizam R$ 25,3 bilhões. A Operação Disclosure foi iniciada nas primeiras horas da quinta-feira, porém, os ex-executivos não foram localizados pela Polícia Federal devido à sua residência no exterior.
Em setembro do ano anterior, Gutierrez negou qualquer conhecimento das fraudes contábeis, refutando a acusação da nova diretoria das Lojas Americanas de uma ação coordenada para prejudicar acionistas.
A operação deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal do Rio foi autorizada pela 10ª Vara Federal Criminal, que determinou o bloqueio de bens e valores em mais de R$ 500 milhões dos investigados, além de autorizar buscas em 15 endereços ligados a ex-dirigentes da Americanas no Rio de Janeiro.
As autoridades indicam que os ex-diretores da Americanas teriam fraudado operações de risco sacado, uma prática em que a empresa antecipa pagamentos a fornecedores por meio de empréstimos bancários.
Além disso, foram identificadas fraudes relacionadas a contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), mecanismos comuns no setor comercial. No entanto, a PF constatou que a Americanas contabilizou VPCs inexistentes.
Segundo o Ministério Público Federal, as investigações tiveram início em 2023, após a divulgação pela Americanas de um rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço devido a “inconsistências contábeis”. A PF iniciou as apurações em conjunto com a Procuradoria e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Posteriormente, dirigentes da empresa buscaram o MPF para firmar acordos de colaboração premiada referentes a um “esquema de fraude para enganar o mercado de capitais”. O órgão destaca que o comitê externo formado pela empresa para investigar o caso contribuiu com as investigações.