O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que a interrupção dos cortes de juros se deve mais a “ruídos” do que a fundamentos econômicos. Ele destacou que incertezas sobre a sucessão no comando da autoridade monetária e o quadro fiscal têm impactado a economia.
Campos Neto participou de um fórum realizado pelo Banco Central Europeu em Portugal, onde ressaltou que o trabalho do BC tem sido técnico. Ele mencionou que o Brasil realizou o maior aumento de juros em um ano eleitoral na história dos países emergentes, aumentando a Selic de 2% para 13,75% em 2022.
O presidente do BC enfatizou a importância da independência e autonomia do Banco Central e destacou que a decisão do Copom em junho foi unânime, mesmo com membros indicados pelo governo. Ele também ressaltou que a decisão de pausar os cortes de juros foi uma medida necessária diante das expectativas desancoradas devido a diversos ruídos.
Campos Neto afirmou que nunca teve o objetivo de ser reconduzido ao cargo e que as incertezas sobre a sucessão no BC aumentaram o prêmio de risco na curva de juros, mas acredita que com o tempo esse prêmio tende a diminuir. Ele também destacou a importância da atuação do BC diante da inflação persistente e das expectativas desancoradas.