O ex-presidente Lula levanta dúvidas sobre cortes de gastos à medida que o dólar atinge R$ 5,51
Em meio à pressão para equilibrar as contas públicas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou a necessidade de cortar gastos ou aumentar a arrecadação do governo. Ele afirmou que a análise dos gastos públicos está sendo feita com cuidado e sem se deixar levar pelo nervosismo do mercado.
Como reação imediata, o dólar, que já vinha sendo afetado por fatores externos, registrou um aumento significativo durante a manhã, fechando em R$ 5,51, o maior valor desde janeiro de 2022. Nem mesmo o decreto que formalizou o sistema de meta contínua de inflação ou as declarações do secretário do Tesouro, Rogério Ceron, garantindo o apoio de Lula à equipe econômica, foram capazes de acalmar o mercado. A moeda acumula uma valorização de 5,12% somente neste mês.
Lula destacou que o governo identificou gastos excessivos e pagamentos indevidos, reforçando a importância de manter políticas de investimento. Ele descartou a possibilidade de desvincular o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo e reafirmou o compromisso com o reajuste real desse último.
O ex-presidente elogiou o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, mas afirmou que ainda não está considerando a sucessão de Roberto Campos Neto na presidência do BC. Lula ressaltou a importância de um líder para o Banco Central que leve em conta não apenas o controle da inflação, mas também o crescimento econômico.
Durante a entrevista, Lula criticou a autonomia do BC, questionando a manutenção da taxa de juros em 10,5% diante de uma inflação de 4%. Ele enfatizou a necessidade de respeitar a função do Banco Central e a estrutura econômica atual.
Após as declarações, o dólar atingiu o valor de R$ 5,51, refletindo a reação do mercado diante das incertezas em relação à política econômica do governo.